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Câncer de pâncreas tem cura?

17 de dezembro de 2019

O pâncreas é uma glândula com duas funções essenciais para o bom funcionamento do corpo humano. A primeira é a produção de insulina e glucagon, hormônios que controlam os níveis de glicose no sangue. A segunda é a produção de enzimas digestivas que são lançadas nas primeiras porções do intestino delgado e que ajudam a quebrar os alimentos em partículas menores para serem absorvidos pelo organismo.

Ele fica atrás do estômago e intestino grosso, em uma região chamada retroperitônio, e tem vasos sanguíneos importantes que irrigam o fígado, estômago, baço e intestinos e tem um formato que o assemelha a um grande girino. É um órgão vital mas que pode ser substituído por medicamentos e transplante (exceto nos casos de câncer de pâncreas). Porém, é por conta de sua localização em uma região muito delicada do corpo que o câncer de pâncreas é uma doença de altíssimo risco.

Entre os tipos de câncer mais agressivos, o câncer de pâncreas tem alta taxa de mortalidade pela dificuldade de diagnóstico, sendo muitas vezes diagnosticado apenas em fases mais avançadas da doença. Por isso, é preciso entender corretamente o que é, quais as causas e sintomas mais comuns e como diagnosticá-lo o mais cedo possível, a fim de potencializar as chances de cura a partir do tratamento.

Entenda o que é o câncer de pâncreas

Responsável por 2% de todos os casos de câncer no Brasil, o câncer de pâncreas causa 4% das mortes por esse tipo de doença. Entenda o que é e como se manifesta esse câncer.

O que é?

O câncer de pâncreas se divide entre os tumores que atingem células exócrinas e os que atingem células endócrinas do pâncreas. Nas exócrinas, o tumor mais comum é do tipo adenocarcinoma, contabilizando cerca de 90% de todos os casos diagnosticados.

O adenocarcinoma se origina no tecido glandular e atinge, majoritariamente, o lado direito do pâncreas, conhecido como cabeça.

Os tumores endócrinos são raros, compondo apenas 4% de todos os casos de câncer de pâncreas. Eles se dividem entre tumores funcionais, que liberam hormônios na corrente sanguínea, e tumores não-funcionais, que não produzem os hormônios e são mais comuns.

Saiba quais são os sintomas e sinais

Os sintomas dependem de onde está localizado o tumor no pâncreas. Entre os mais comuns estão a tontura, fraqueza e diarreia.

Os tumores do pâncreas muitas vezes interferem na produção de insulina e, dessa forma, provocam o aumento do nível de glicose no sangue. Além disso, a icterícia (amarelamento da pele e olhos), alterações nas cores da urina (mais escuras como chá mate) e das fezes (mais esbranquiçadas como massa de vidraceiro), dor abdominal e perda de apetite também são sintomas que podem se manifestar com o desenvolvimento da doença. 

Em estágio mais avançado, esse tumor pode provocar dor nas costas, por conta do tamanho do tumor e invasão de alguns nervos da sua região, além da incapacidade de digerir alimentos gordurosos, perceptível em fezes pálidas, volumosas e gordurosas. Também pode levar ao aumento da vesícula biliar, coágulo sanguíneo nas pernas, vômitos e anormalidades no tecido adiposo.

No caso dos tumores endócrinos, os sintomas decorrem do excesso de hormônios liberados na corrente sanguínea e dependem do tipo de hormônio em questão. Pode haver úlceras, náusea, anemia, cansaço e perda de peso. Em outros casos, surge diabetes, diarréia e erupções avermelhadas na pele. Ainda pode haver hipoglicemia, com confusão, taquicardia, fraqueza, convulsões e até coma. 

É preciso estar atento aos sintomas e sinais e suas combinações, pois a maioria é muito similar a outros tipos de doenças e cânceres, o que dificulta a detecção precoce do câncer de pâncreas.

Quando os tumores de pâncreas se desenvolvem ainda na região denominada corpo e cauda, o seu diagnóstico é ainda mais difícil e tardio, geralmente sendo apenas diagnosticados quando já avançados ou acidentalmente quando o paciente acaba fazendo algum exame de imagem abdominal por outro motivo qualquer.

Entenda as causas e fatores de risco da doença

Alguns fatores genéticos hereditários podem aumentar o risco de desenvolver a doença. Pancreatite crônica, diabete mellitus e cirrose são condições que pedem atenção. Histórico de câncer na família e cirurgias de retirada de úlceras no estômago ou duodeno, além de retirada da vesícula biliar, também estão entre os fatores de risco.

Entre os não hereditários, o tabagismo aparece como principal fator de risco. Fumantes têm o risco de incidência do câncer de pâncreas aumentado de 2 a 6 vezes em relação a não fumantes.

Outro fator significativo é a obesidade, que tende a aumentar em 20% o risco desse tipo de câncer. O alcoolismo também é um fator de risco importante nesse caso.

Ter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, livre de consumo de tabaco e álcool, e praticar atividade física regular são boas maneiras de prevenir e atenuar o risco de desenvolver o câncer de pâncreas.

O câncer de pâncreas tem cura?

Saiba como é feito o diagnóstico

A localização do pâncreas na cavidade mais profunda do abdômen, junto da semelhança dos sintomas com outros tipo de câncer, dificulta o diagnóstico precoce. 

O exame inicial para diagnóstico é o hemograma, para detectar possível elevação de um marcador tumoral chamado CA 19.9, dentre outras alterações relacionadas ao desenvolvimento da doença. Contudo, essa não é uma exclusividade do câncer de pâncreas. Caso haja suspeita de anormalidade no órgão, será solicitada a realização de exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética do abdômen. 

Para ajudar no raciocínio diagnóstico, pode ser realizada uma ultrassonografia endoscópica, que além da avaliação por imagem, permite a retirada de material para biópsia. Apenas com a biópsia é possível determinar a presença ou não do tumor e qual seu tipo.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce do câncer de pâncreas aumenta muito as chances de recuperação e cura. Estar atento aos principais sintomas e suas combinações, bem como ao seu histórico familiar, é essencial para evitar a detecção somente em estágio avançado.

Estar bem informado quanto aos fatores de riscos e possíveis sintomas é fundamental para levantar a possibilidade junto ao seu médico e realizar os exames necessários para avaliar a situação.

Conheça as formas de tratamento do câncer de pâncreas

O caminho do tratamento depende do laudo histopatológico, que define o tipo de tumor e do estágio da doença em que o paciente se encontra no momento do diagnóstico.

A chance de cura no tratamento de câncer de pâncreas está diretamente ligada ao diagnóstico precoce. A cirurgia é o único tratamento potencialmente curativo. É possível que seja aliada à quimioterapia e/ou radioterapia que poderá ser realizada antes e/ou depois da cirurgia.

Vale ressaltar que há casos nos quais não é possível realizar o procedimento cirúrgico, devido ao estágio avançado em que o câncer se encontrava no momento do diagnóstico. Para estes quadros, são indicadas a quimioterapia e/ou radioterapia, como forma de amenizar os desconfortos e transtornos gerados pela doença. 

De acordo com a localização do tumor, há duas opções de cirurgias: para um tumor localizado na cabeça do pâncreas é feita a duodenopancreatectomia, que consiste na retirada do duodeno, cabeça do pâncreas e vesícula biliar. 

Se o tumor estiver no corpo ou na cauda do pâncreas, é feita a pancreatectomia corpo-caudal, que retira o corpo e a cauda do pâncreas junto do baço (na maioria das vezes).

O pós-operatório é feito com tratamento de quimioterapia para destruir quaisquer células tumorais que permanecerem. Em pacientes em estágio avançado do câncer é feita a quimioterapia antes da cirurgia, como forma de reduzir o tumor e facilitar a operação. Em muitos casos, a radioterapia entra como reforço no tratamento.

No caso do paciente já se encontrar com metástase para outros órgãos, é possível realizar uma série de cirurgias paliativas, dependendo do caso, para aumentar a qualidade de vida do doente. Faz-se também o tratamento paliativo de quimioterapia para controlar o avanço do tumor.

Conclusão 

É importante ressaltar novamente que o principal fator que aumenta as chances de cura é o diagnóstico precoce. Sua importância é indiscutível no sucesso do tratamento. Por isso se faz fundamental a atenção à saúde pancreática, visitas regulares ao médicos e manter um estilo de vida saudável.

Dr. Alexandre Bertoncini

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