A pancreatectomia total é um procedimento cirúrgico significativo, realizado para tratar várias doenças do pâncreas, incluindo câncer pancreático.
Este artigo explora o funcionamento da
pancreatectomia total, suas indicações, como funciona e processo de recuperação. Acompanhe para entender quando essa cirurgia é necessária e como ela é realizada.
A pancreatectomia total é uma intervenção cirúrgica extensa que consiste na
remoção completa do pâncreas, juntamente com partes adjacentes do sistema digestivo, incluindo um segmento do estômago (na maioria dos casos), o início do intestino delgado, o ducto que traz a bile do fígado até o intestino, a vesícula biliar e, em muitos casos, o baço.
Este procedimento é geralmente reservado para o
tratamento de doenças graves do pâncreas, sendo o câncer de pâncreas a indicação mais comum. A retirada do pâncreas implica na necessidade de ingestão de enzimas digestivas e insulina após a cirurgia operatória, devido à perda das funções exócrinas e endócrinas do órgão.
Enquanto a pancreatectomia total envolve a remoção de todo o pâncreas, a pancreatectomia distal é uma cirurgia que remove apenas a parte esquerda (cauda e parte do corpo) do pâncreas. Já a pancreatectomia central permite a preservação do complexo ampular da cabeça do pâncreas e de parte da cauda do órgão, com o intuito de resguardar o máximo possível. A pancreatectomia da cabeça do pâncreas, também chamada de gastroduodenopancreatectomia (GDP) ou apenas duodenopancreatectomia (DPT), pode preservar parte do corpo e da cauda do órgão, sendo este um procedimento quase tão complexo quanto a pancreatectomia total. A escolha entre as diferentes formas de pancreatectomia depende da localização e da extensão da doença dentro do pâncreas.
A
pancreatectomia distal é frequentemente indicada para lesões localizadas na cauda do pâncreas e pode preservar a função endócrina e exócrina do órgão,
reduzindo o risco de diabetes e insuficiência pancreática pós-operatória. No entanto, para tumores ou doenças que afetam extensivamente o pâncreas ou estão localizados próximo à cabeça do órgão, a pancreatectomia total pode ser a única opção viável para remover completamente o tecido doente.
A
pancreatectomia central é uma cirurgia de raras indicações e estão reservadas e tumores com comportamentos menos agressivos ou doenças benignas do pâncreas localizadas na região central do órgão, buscando, assim como na pancreatectomia distal, preservar a função e reduzir as taxas de dependências de outros tratamentos para as insuficiências pancreáticas no pós-operatório.
A GDP e a DPT são indicadas para doenças localizadas na cabeça do órgão e, por ser uma região extremamente complexa de intersecção de diversos órgãos do sistema digestivo e vasos sanguíneos importantes, envolve praticamente a mesma complexidade da pancreatectomia total, porém, geralmente permitindo a preservação do baço e os pacientes normalmente apresentam baixo risco de desenvolver insuficiência endócrina e/ou exócrina do pâncreas.
Todas essas cirurgias são procedimentos complexos que requerem uma equipe cirúrgica experiente e
cuidados pós-operatórios específicos para gerenciar complicações e suportar a recuperação do paciente. A escolha entre elas será baseada em uma
avaliação cuidadosa do estado clínico do paciente, da localização e da natureza da patologia pancreática, visando oferecer o melhor prognóstico e qualidade de vida após a cirurgia.
A pancreatectomia total é recomendada primordialmente para tratar pacientes diagnosticados com
câncer de pâncreas localizado apenas no órgão, ou seja, ainda
não houve metástase para órgãos distantes, mas com importante comprometimento especificamente da cabeça e do corpo. A escolha por esta
cirurgia decorre da necessidade de remover completamente o tecido canceroso, oferecendo a
melhor chance de tratamento efetivo para o câncer pancreático, mas com a impossibilidade de preservação de partes do órgão por sua localização e extensão no mesmo.
Além disso, a pancreatectomia total é indicada para tratar uma
variedade de doenças benignas e condições pré-malignas que afetam extensivamente o pâncreas, incluindo pancreatite crônica severa e tumores neuroendócrinos pancreáticos, quando essas condições não podem ser adequadamente gerenciadas por procedimentos menos invasivos. Realizar a pancreatectomia total nessas circunstâncias visa
erradicar a doença ou prevenir a progressão para câncer, melhorando assim a expectativa e a qualidade de vida do paciente.
Durante a cirurgia da pancreatectomia total, o cirurgião
remove todo o pâncreas, junto com parte do estômago, o duodeno que é a primeira parte do intestino delgado, o ducto biliar comum, a
vesícula biliar e, em muitos casos, também o baço. Este procedimento pode incluir a
ressecção de partes adjacentes
afetadas para garantir a remoção completa do tecido doente.
Os passos cirúrgicos da cirurgia convencional começam com uma incisão abdominal, através da qual o cirurgião acessa o pâncreas e as estruturas vizinhas. A
precisão
é crucial para evitar danos aos vasos sanguíneos maiores próximos ao pâncreas. Uma vez removidas as estruturas afetadas, o cirurgião reconstrói o trato digestivo, reconectando o restante do estômago ao intestino delgado, reconstrução do trajeto biliare garantindo que a bile do fígado possa continuar a fluir para o sistema digestivo, uma etapa conhecida como
reconstrução gastrointestinal e biliodigestiva. Este procedimento pode ser, em alguns casos, realizado também com auxílio de
técnicas minimamente invasivas por laparoscopia e/ou robótica, na totalidade do procedimento, ou em ao menos parte do procedimento, visando buscar melhores resultados na recuperação do paciente, sempre se observando os riscos-benefícios por trás dessas escolhas.
A complexidade do procedimento de pancreatectomia total reside não apenas na remoção das estruturas afetadas mas também na reconstrução necessária para permitir a
continuidade do processo digestivo e a manutenção da qualidade de vida do paciente após a cirurgia. O uso de técnicas cirúrgicas avançadas e tecnologia de ponta é essencial para
minimizar os riscos associados à cirurgia, como infecções, sangramentos e complicações relacionadas à reconstrução gastrointestinal.
Este procedimento é
meticulosamente planejado e executado com o objetivo de eliminar a doença enquanto se esforça para preservar a função digestiva do paciente tanto quanto possível, sublinhando a importância de uma
equipe cirúrgica experiente e especializada em cirurgias pancreáticas.
Sem o pâncreas, o corpo perde sua capacidade de produzir insulina e enzimas digestivas, essenciais para a regulação dos níveis de glicose no sangue e para a digestão adequada dos alimentos.
Como resultado, os pacientes se tornam diabéticos dependentes de insulina, necessitando de
monitoramento contínuo dos níveis de glicose e de administração regular de insulina para manter a glicemia em níveis saudáveis, como acontece em pacientes com diabetes do tipo I. Além disso, a
suplementação de enzimas pancreáticas é imprescindível para auxiliar na digestão de gorduras, proteínas e carboidratos, permitindo a absorção adequada de nutrientes, uma vez que não há mais o órgão para a produção natural dessas enzimas. Atualmente, essa suplementação é relativamente simples com a necessidade de 1 a 3 comprimidos ao dia, em média, para atingir este objetivo.
Ajustes na dieta também são fundamentais para adaptar-se à nova realidade digestiva do paciente. Dietas ricas em nutrientes, facilmente digeríveis e com baixo teor de gorduras podem ajudar a minimizar os sintomas gastrointestinais e a promover uma nutrição adequada. A colaboração com nutricionistas especializados em pós-operatório de cirurgias gastrointestinais é vital para elaborar um plano alimentar personalizado que atenda às necessidades específicas do paciente.
Após uma pancreatectomia total, os pacientes requerem um acompanhamento rigoroso e cuidados especializados para garantir uma recuperação bem-sucedida e prevenir complicações. O manejo eficaz da dor é uma prioridade, utilizando-se medicamentos analgésicos conforme necessário para garantir conforto e promover a mobilização precoce, o que é crucial para a recuperação.
A prevenção de infecções é outra preocupação central, envolvendo cuidados meticulosos com as incisões cirúrgicas, uso de antibióticos quando indicado e
monitoramento cuidadoso de sinais de infecção. A nutrição desempenha um papel chave na recuperação, com a introdução gradual de alimentos sólidos e a adaptação da dieta para atender às necessidades nutricionais do paciente sem o pâncreas.
A
supervisão contínua por uma equipe multidisciplinar, incluindo cirurgiões digestivos, endocrinologistas, nutricionistas e enfermeiros especializados, é essencial para abordar os múltiplos aspectos do cuidado pós-operatório. Isso inclui a educação do paciente e da família sobre a gestão de diabetes, a administração de enzimas digestivas e a adaptação a uma nova dieta, garantindo assim não apenas a recuperação física, mas também a qualidade de vida a longo prazo.
O que é cirurgia de pancreatectomia?
A cirurgia de pancreatectomia é um procedimento cirúrgico realizado para remover parte ou todo o pâncreas, frequentemente utilizado para tratar câncer pancreático, pancreatite crônica e outras condições pancreáticas.
A pancreatectomia total cura o câncer de pâncreas?
A pancreatectomia total pode ser curativa para alguns pacientes com câncer de pâncreas localizado, dependendo do estágio do câncer e da ausência de metástase. É fundamental uma avaliação individualizada por um oncologista.
Quais são as alternativas à pancreatectomia total para câncer de pâncreas?
As alternativas podem incluir terapias direcionadas, quimioterapia, radioterapia ou procedimentos cirúrgicos menos extensos, dependendo do estágio e localização do câncer.
Como vive uma pessoa que retirou o pâncreas?
Após a retirada do pâncreas, a pessoa precisará de terapia de reposição de enzimas pancreáticas para ajudar na digestão dos alimentos e de insulina para controlar o diabetes, além de ajustes na dieta.
Quais os riscos da cirurgia de pancreatite?
Os riscos incluem infecções, sangramentos, complicações relacionadas à anestesia, diabetes (se todo o pâncreas for removido), e problemas digestivos devido à falta de enzimas pancreáticas.
O que pode comer depois de uma cirurgia de pâncreas?
Após a cirurgia, a dieta deve ser rica em proteínas, baixa em gorduras e facilmente digerível, com refeições pequenas e frequentes. Suplementação de enzimas pancreáticas será necessária para auxiliar na digestão.
Como a pancreatectomia total afeta a produção de hormônios no corpo?
Após uma pancreatectomia total, o corpo perde sua capacidade de produzir hormônios importantes como a insulina e o glucagon, afetando diretamente o controle dos níveis de açúcar no sangue, que deverão ser contornados com o uso de insulina por toda a vida após a cirurgia de remoção completa do órgão.
Como a pancreatectomia total afeta a absorção de nutrientes?
A remoção do pâncreas pode comprometer a absorção de nutrientes, especialmente de gorduras e vitaminas lipossolúveis, devido à falta de enzimas pancreáticas que deverão ser suplementadas no período pós-operatório.
Como é feito o acompanhamento a longo prazo após a pancreatectomia total?
O acompanhamento inclui monitoramento regular dos níveis de glicose no sangue, ajustes na terapia de reposição de enzimas, acompanhamento nutricional e avaliações regulares para detectar possíveis complicações.
A pancreatectomia total aumenta o risco de outras condições de saúde?
Sim, a pancreatectomia total pode aumentar o risco de condições como diabetes e osteoporose devido às alterações no metabolismo do corpo.
A pancreatectomia total é uma cirurgia complexa com significativas implicações a longo prazo, mas pode ser a melhor opção de tratamento para determinadas condições do pâncreas. A decisão de prosseguir com esta cirurgia deve ser tomada após
cuidadosa consideração e discussão entre o paciente e uma equipe médica.
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Dr. Alexandre Bertoncini é coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo com toda sua
formação e doutorado pela Faculdade de Medicina da USP, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e filiado à Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
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